“A Night of Blues” em homenagem a Alex MarianoNo sábado, 10 de agosto, às 22h, o músico Antonio Quintella, com a participação especial do tecladista Fred Vasconcelos, estarão se apresentando no palco do Restaurante Velho Armazém em São Francisco, para uma “A Night of Blues” totalmente dedicada ao grande amigo Alex Mariano, empresário e jornalista, assassinado brutalmente em nossa cidade.

Neste show, os amigos poderão ver e ouvir a qualidade musical e a diferenciada performance vocal do músico Antonio Quintella, com a participação especial do tecladista Fred Vasconcelos, num repertório repleto de sucessos do Blues, RB e Soul Music e clássicos da música internacional de grupos e artistas como Eric Clapton, Crosby, Still & Nash, Willie Dixon, Byrds e dos Beatles.

Depoimento consternado do amigo Luiz Antonio Mello

Tenho orgulho, muito orgulho, de ter conhecido profundamente Alex Mariano Franco, covardemente assassinado no fim de tarde desta segunda-feira em frente a sua loja, a “Fênix”, na rua Visconde de Sepetiba, Centro de Niterói.

Todo mundo diz que o Alex era um cara do bem. Não, não é uma expressão utilizada apenas quando as pessoas morrem. Alex Mariano foi uma das pessoas mais íntegras, éticas, afetuosas e generosas que conheci. E tive a oportunidade de conhecê-lo muito bem.

Nos tornamos amigos em 1971. Fui apresentado a ele por seu irmão Marcos Mariano Franco. Tínhamos 16 anos e o Alex estava mergulhado em jornalismo, fotografia e cinema. Morava com a família num apartamento na avenida Roberto Silveira quase esquina com Pereira da Silva em Icaraí, Niterói, e foi lá, no quarto dele, que conheci a ópera rock “Tommy” do The Who. Lançada lá fora em 1969, “Tommy” só chegou aqui depois e o Alex conseguiu uma cópia porque sabia que eu era fã da banda.

Inteligentíssimo (eu sempre achei seu Q.I. era de gênio), culto, bem humorado, ele escrevia para a revista “Correio”, da Unesco, e sua especialidade era as culturas Inca, Asteca e Maya. Ainda no início dos anos 1970, ele me ligou perguntando se eu não queria viajar até o México. Perguntei como e ele, rindo, “de carona, é claro”. Não pude ir e ele foi. Pegou carona daqui a Cidade do México pela costa oeste da América do Sul. Ficou meses fora e voltou com muito material.

Sua viagem lhe rendeu matéria de capa na revista “Pop”, a melhor revista jovem da época e, com o dinheiro da matéria ele começou a rodar, em 1977, seu curta-metragem “Um Dia em Itaipu”, premiado, belo, filmaço que desapareceu na burocracia no governo.

Estudamos juntos na Faculdade Estácio de Sá. Alex sempre teve motocicleta e minha primeira travessia da ponte foi numa delas, na garupa dele, indo para a aula a noite. No alto do vão central a moto deu uma pane maluca e, as gargalhadas, Alex desceu e pediu que sacudíssemos a moto, uma Yamaha 200 cc. Sacudimos e ela pegou.

Além da faculdade, rachamos com Sergio Marcolini um sobrado na rua Maricá, no bairro Pé Pequeno, em Niterói. Moramos os três lá, uma fase inesquecível de minha vida. Fiquei alguns meses, saí, mas a minha amizade com o Alex era coisa de irmão.

Em 1981 eu estava montando a equipe da radio Fluminense FM, a Maldita, que estreou em 1 de março de 1982. Liguei para o Alex e ele topou segurar a parte de música brasileira e tropicália, que conhecia muito, mas com o passar do tempo pedi que ele fizesse o programa “Satisfaction” sobre os Rolling Stones. Programa era semanal. Alex vivia de mau humor, queria acabar com o programa, mas graças ao apoio de consultores como Caíque Fellows ele foi fazendo.

Deixei a rádio em 1 de abril de 1985. Indiquei o Alex para o meu lugar na Coordenação Geral. Por que?: Porque ele tinha caráter, era absurdamente franco (tanto que quando dizíamos “fala, Alex Mariano” ele respondia “Mariano, o Franco”).

Ultimamente vínhamos nos encontrando no Velho Armazém, em São Francisco. Alex não gostava de internet e praticamente só usava o e-mail. Sentávamos no Velho Armazém, fim de tarde, e jogávamos conversa dentro. Alex amava economia, avião, transportes. Estava acabando de ler “Lanterna na Popa”, de Roberto Campos e na semana que vem íamos nos encontrar de novo.
Meu amigo estava numa ótima fase de vida. Amava profundamente os três filhos, Lívia, Guilherme e Carolina, a Ana Maria, Muri (Friburgo), sua nova paixão e, é claro, a sua loja “Fênix”. Por que “Fênix”? “Porque ela me fez renascer das cinzas”, ele dizia.

Ironicamente foi em frente a “Fênix” que os covardes o mataram, aproveitando o estado de abandono policial em que se encontra Niterói. Tiro na nuca. O Alex ???? Logo o Alex ???? Pois é, eu nunca imaginei ter que escrever esse artigo.

Serviço:

  • “A Night of Blues” em homenagem a Alex Mariano
  • Dia: 10 de agosto – sábado
  • Hora: 22h
  • Ingresso: R$20,00
  • Informações e reservas: (21) 2714 5424
  • Endereço: Av. Quintino Bocaiúva, 6 – Praia São Francisco
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