Niterói promove Encontros com ÁfricaA Prefeitura de Niterói realiza, entre os dias 7 e 17 de abril, as primeiras atrações do projeto Encontros com África, que celebra o parentesco cultural entre o Brasil e diversos países do continente africano. Artistas angolanos, beninenses, sul-africanos e brasileiros farão apresentações de música, dança, teatro e debates. Os eventos acontecem no Teatro Municipal de Niterói, com entrada franca.

O projeto Encontros com África pretende estreitar os laços entre Niterói e as diversas culturas africanas que se mantém e se renovam, no constante movimento entre tradição e modernidade. “Neste momento em que o mundo inteiro observa o aumento da intolerância, promover a aproximação com um continente tão presente na nossa história é fundamental. Agradecemos a todos os que estão vindo, generosamente, apresentar sua arte em nossa cidade, dando início ao projeto”, afirma Marcos Gomes, coordenador geral dos Encontros com África.

No dia 7 de abril, o projeto Encontros com África dá início oficial às atividades com a apresentação do grupo de jongo Folha de Amendoeira, em frente ao Teatro Municipal – o grupo apresenta-se preferencialmente em praças e ruas. No palco, a primeira atração internacional será a Companhia de Dança Contemporânea de Angola. Na ocasião também haverá o lançamento do site Malungo eu, que reunirá informações atualizadas sobre artes africanas e que vai facilitar encontros e intercâmbios virtuais entre artistas e públicos dos dois lados do Atlântico. Com perfil colaborativo, o site terá atualizações constantes e também divulgará outras ações e atividades do projeto durante o ano.

Primeira semana 7 a 10 abril

Na quinta-feira, 7 de abril, às 18h30, o grupo niteroiense Jongo Folha de Amendoeira abre a programação fazendo uma apresentação na calçada em frente ao Teatro Municipal. Após a cerimônia de lançamento do site, marcada para as 19h, sobe ao palco a Companhia de Dança Contemporânea de Angola, um dos mais importantes grupos de dança africanos. O espetáculo escolhido para a apresentação em Niterói, “Mpemba Nyi Mukundu”, inspira-se em um conto angolano e utiliza projeções e outras tecnologias. A CDC volta ao palco do Teatro Municipal João Caetano na sexta-feira, dia 8.

No sábado e domingo, 9 e 10, as atrações são o músico niteroiense Elias Rosa, com o espetáculo “Vida de Vassoureiro”, em que narra causos, superstições e tradições brasileiras; e o cantor beninense John Arcadius, que mostra seu trabalho mais recente, “Vaudou-Mahi”, uma combinação de elementos africanos e jazzísticos.

Segunda semana 13-17 abril

Entre 13 e 17 de abril, Encontros com África dedica-se a Angola. A Fundação Sindika Dokolo realiza em Niterói parte da III Trienal de Luanda, que tem como tema: “Da utopia à realidade: da escravidão ao apartheid”. Na quarta-feira, dia 13, acontece o Fórum sobre Cultura Angolana abordando literatura, artes visuais e música.

Na quinta, 14 de abril, o grupo teatral Elinga apresenta a peça “Laços de Sangue”, do autor sul-africano Athol Fugard. Sucesso internacional, a obra apresenta uma metáfora da segregação racial então vigente na África do Sul: em cena, dois irmãos, Zacarias, de pele negra, e Morris, de pele mais clara, filhos da mesma mãe, partilham um modesto quarto num subúrbio pobre de uma cidade sul-africana no tempo do Apartheid; a diferença de suas peles fez com que a mãe lhes desse uma educação diferente e vai determinar suas trajetória e também a relação entre eles.

A música volta ao palco do Municipal na sexta-feira, dia 15 de abril, com o cantor e compositor Ndaka Yo Wiñi, jovem talento que mistura ritmos tradicionais e novas sonoridades. A cantora Anabela Aya faz uma participação especial neste show e também no de sábado, a cargo do cantor Gabriel Tchiema. Um dos mais populares músicos angolanos, Tchiema apresenta um show tão empolgante quanto sua música. Os DJs do grupo sul-africano “Obrigado” encerram esta série dos Encontros com África fazendo a abertura do show do rapper Emicida no domingo, 17 de abril, às 17h, na área externa do Teatro Popular Oscar Niemeyer.

Serviço:
Niterói promove Encontros com África
Local: Teatro Municipal. Entrada gratuita sujeita à lotação do Teatro.
7 de abril, quinta
18h30 – Jongo Folha de Amendoeira – em frente ao Teatro Municipal de Niterói
19h – Abertura oficial da mostra e lançamento do site “Malungo eu”
20h – “Mpemba Nyi Mukundu” – espetáculo da CDC/Companhia de Dança Contemporânea de Angola

8 de abril, sexta-feira
20h – “Mpemba Nyi Mukundu” – espetáculo da CDC/Companhia de Dança Contemporânea de Angola

9 de abril, sábado
20h – Espetáculo “Vida de Vassoureiro”, com o artista Elias Rosa
21h – Show de John Arcadius

10 de abril, domingo
19h –Espetáculo “Vida de Vassoureiro”, com o artista Elias Rosa
20h – Show de John Arcadius

13 de abril, quarta-feira
18h30 – Cia de Arte e Expressão Corporal Muanza Mesú (em frente ao Teatro)
Apresentação do grupo niteroiense de dança afro.

19h – Fórum Cultura Angolana: literatura, artes visuais e música.
· A Migração fractal do provérbio – da escrita, das artes e da arquitetura. Com Abreu Paxe, professor e poeta angolano.
· Música popular angolana. Com Jomo Fortunato, professor de literatura.
· Trajetória da Fundação Sindika Dokolo 10 anos. Com Marita Silva, arquiteta e urbanista e diretora da Fundação Sindika Dokolo.

14 de abril, quinta
19h – Peça “Laços de Sangue”, Cia. Elinga

15 de abril, sexta
19h – Show do cantor e compositor Ndaka Yo Wiñi, com participação da cantora Anabela Aya

16 de abril, sábado
20h – Show do cantor Gabriel Tchiema, com participação da cantora Anabela Aya

17 de abril, domingo
17h – Obrigado – grupo sul-africano dos DJs Kenzhero e Tha_Muzik, mescla música latino-americana com hip-hop, jazz e funk. Faz a abertura do show de Emicida na área externa do Teatro Popular Oscar Niemeyer.

OS ARTISTAS:

Jongo Folha de Amendoeira
Grupo cultural niteroiense, o Jongo Folha de Amendoeira atua desde 2010 com a proposta de apresentar o jongo com sua música e dança em espaços públicos. A partir da repercussão de suas apresentações foram elaboradas oficinas que têm como eixo a cultura negra e englobam aulas de percussão, dança e história do jongo. Os músicos e bailarinos Elias Rosa e Rodrigo Rios são os fundadores do grupo.

Companhia de Dança Contemporânea de Angola (CDCA)
Com um retrospecto de apresentações em cidades como Lisboa, Madrid, Milão, Cracóvia, Nova Delhi, Telaviv, Xangai e Havana, entre outras, a Companhia de Dança Contemporânea de Angola completa 25 anos de bem-sucedida trajetória. Primeiro grupo de dança profissional do gênero em Angola e um dos primeiros no continente africano, foi criada pela coreógrafa Ana Clara Guerra Marques, que faz parte do Conselho Internacional da Dança da Unesco. Através da pesquisa de diferentes linguagens, espaços e conceitos, a CDC utiliza a dança como meio de intervenção e crítica social. Desde 2009 trabalha como uma companhia de dança inclusiva, integrando bailarinos portadores de deficiência física. Possui em seu repertório mais de 20 obras originais; traz ao Brasil o espetáculo “Mpemba Nyi Mukundu”, que resgata da tradição angolana uma mensagem atemporal a partir de dois contrários nas culturas bantu: o branco (mpemba) e o vermelho (mukundu). As linguagens do grafite e do vídeo são utilizadas na peça que foi apresentada pela primeira vez no Memorial Agostinho Neto, em Luanda.

Elias Rosa
O músico, cantor, bailarino e educador niteroiense Elias Rosa trabalha há mais de 15 anos na pesquisa de ritmos e manifestações culturais brasileiras. Atuou no meio musical como percussionista; integrou o grupo Zanzibar, sediado no Circo Voador do Rio de Janeiro, que trabalha com cultura popular. Apresenta desde 2012 o show “Vida de vassoureiro”, performance musical de contos, cantos e superstições transmitidos através do Vassoureiro, personagem característico na história brasileira, que apregoa, vende e conta histórias de porta em porta nas cidades.

John Arcadius
John Arcadius, compositor, cantor e guitarrista beninense, pioneiro de uma música contemporânea potente que combina sons africanos ao jazz. Seu projeto atual, Vaudou-Mahi, recebido com entusiasmo pelo público e crítica, pretende desmistificar o universo musical vodum e tornar a beleza singular dessa herança ancestral acessível ao grande público.
Arcadius ganhou o grande prêmio do júri no Salon International de la Musique Africaine 2015, com três CDs. Participou de eventos musicais importantes do gênero, como Les Francofolies de Spa, Francofolies em La Rochelle; Francophonie em Bucareste, Colors Café em Bruxelas, Fête de la Musique em Paris, Voix de Fêtes em Genebra, Jazz à Ouaga, Jazz Kiff em Kinshasa, Tunis Coleurss Jazz, etc. Além de participar de diversos concertos e festivais, John Arcadius é criador e promotor do Festival Cotonou Coleurs Jazz, no Benim, um evento para profissionais das Artes Cênicas. A quarta edição do festival ocorreu em novembro de 2015 e atraiu cerca de 25 mil espectadores.

Cia de Arte e Expressão Corporal Muanza Mesú
A companhia de dança afro Muanza Mesú, sediada em Niterói, foi fundada em 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, sob a direção do coreógrafo e bailarino Alê de Freitas. Com os pés no chão e roupas de cores vivas, saúda a terra onde se pisa em forma de coreografias que reverenciam os deuses africanos. Em sua trajetória de quase uma década, a Cia. Muanza Mesú apresentou-se em diversos palcos, praças e terreiros, dentro e fora de Niterói, valorizando o dançar negro, que envolve resistência, força e alegria.

Fundação Sindika Dokolo
A Fundação Sindika Dokolo destaca-se como a mais importante instituição angolana de fomento à arte, cuja influência ultrapassa fronteiras. Com uma coleção de mais de 3 mil obras de arte africana contemporânea, a Fundação também busca oferecer condições de trabalho e divulgação para inserir os artistas no mercado internacional de arte. A Fundação Sindika Dokolo realiza em Niterói parte da programação internacional da III Trienal de Luanda, que tem como tema: “Da utopia à realidade: da escravidão ao Apartheid” e segue até novembro de 2016.

Companhia Teatral Elinga
Criado em 1988, o Elinga já se apresentou em países como Moçambique, São Tomé, Cabo Verde, Portugal, Espanha, Itália e Brasil, onde participou do Festival Internacional de Teatro da Língua Portuguesa – Festlip. O Elinga Teatro (do Umbundo ‘‘elinga’’, que significa ação, iniciativa, exercício) foi criado oficialmente em 1988, embora suas raízes datem de alguns anos antes. Já encenou mais de 40 peças e tem a participação colaborativa do elenco, capaz de desempenhar funções diversas dentro do universo teatral. O Elinga tem entre seus compromissos o resgate e a promoção da cultura angolana, incluindo um tratamento moderno dos seus valores tradicionais.

Ndaka Yo Wiñi
O jovem músico Ndaka Yo Wiñi, nascido em Lobito, Angola, em 1981, vem de uma família de músicos e desde cedo demostrou interesse não apenas pela música, mas também em estudar suas origens. Seu repertório, portanto, reflete as pesquisas a respeito da música popular angolana e africana em geral. Boa parte de suas letras é escrita em umbundo, língua de onde retirou seu nome artístico (que significa “A voz do povo”). Utiliza com frequência uma cabaça, sua marca registrada que considera uma herança cultural.

Anabela Aya
A talentosa Anabela Aya chamou atenção ainda no início de sua curta carreira, pelos recursos vocais e de intérprete de afro-jazz. Nascida em Luanda em 1983, Aya teve os primeiros contatos com a música ainda menina, nos cultos da igreja. Possui também experiência também como atriz, tendo trabalhado com a Companhia Elinga. Navega por variados estilos, indo do fado ao jazz, do gospel ao soul.

Gabriel Tchiema
Com mais de 30 anos de carreira, o cantor e compositor Gabriel Tchiema é um dos mais populares artistas angolanos. Em 2014 recebeu o Prêmio Nacional de Cultural e Artes, um reconhecimento oficial ao seu trabalho como embaixador da “Tchianda”, música tradicional angolana com a qual Tchiema assumiu o compromisso de tornar urbana. Participou de diversos festivais internacionais, como o Luanda Internacional Jazz Festival, o Cape Town International Jazz Festival, Cabo Verde – AME-Atlantic, Music Expo: Fespam – Congo- 2. Em seu álbum mais recente, Mungole (expressão em Tchokwé que significa chuva pequena e contínua), Gabriel Tchiema buscou técnicas que o ajudaram a recriar harmonicamente os arranjos rítmicos de estilos como o Makopo, uma dança festiva em vias de extinção. Destaca vários ritmos da região leste de Angola, evidenciando o carácter festivo dos rituais característicos da região.

Obrigado
O grupo sul africano Obrigado se define como uma plataforma de intercâmbio entre a África e a América Latina. A dupla de DJs Kenzhero e Tha_Muzik atuam em eventos diversos com concentração de jovens e profissionais da indústria criativa. Kenzhero inclusive já contribui para documentários e tocou em eventos na Europa e na África. Utilizando a música como principal linguagem para conectar as pessoas, Obrigado mescla música latino-americana com hip-hop, jazz e funk. A proposta dos artistas é educar, entreter e criar novos sons que não foram ouvidas pelo mercado.

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